sábado, 12 de março de 2011

Poema Mãos Dadas


Não serei o poeta

De um mundo caduco

Também não cantarei

O mundo futuro

Estou preso à vida

E olho meus companheiros

Estão taciturnos, mas nutrem

Grandes esperanças

Entre eles, considero a enorme

Realidade.

O presente é tão grande, não nos

Afastemos. Não nos afastemos muito,

Vamos de “Mãos dadas”

Não serei o cantor de uma mulher

De uma história,

Não direi os suspiros ao anoitecer,

A paisagem vista da janela,

Não distribuirei entorpecentes ou cartas

De suicidas

Não fugirei para as ilhas

Nem serei raptado por serafins

O tempo é minha matéria,

O tempo presente, os homens presentes.

(Carlos Drummond de Andrade)

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