quarta-feira, 23 de março de 2011

Eu





Eu sou a que no mundo anda perdida,

Eu sou a que na vida não tem norte,

Sou a irmã do sonho, e desta sorte,

Sombra de névoa tênue e esvaecida,

E que o destino amargo, triste e forte,

Impele brutalmente para a morte!

Alma de luto sempre incompreendida.

Sou aquela que passa e ninguém vê...

Sou a que chamam triste sem o ser...

Sou a que chora sem saber porque...

Sou talvez a visão que alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo para me ver,

E que nunca na vida me encontrou!

(Florbela Espanca)

Nenhum comentário:

Postar um comentário