sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Amor Antigo

 
O amor antigo vive de si mesmo
Não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
Mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
Feitas de sofrimento e de beleza. 
Por aquelas mergulha no infinito,
E por estas suplanta a natureza. 
Se em toda parte o tempo desmorona
Aquilo que foi grande e deslumbrante,
O antigo amor, porém, nunca fenece.
E a cada dia surge mais amante. 
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
E resplandece no seu canto obscuro,
Tanto mais velho quanto mais amor.”

(Carlos Drummond de Andrade)

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