Coração essa dor tão grande,
Que me invade, quando penso,
No vácuo carregado.
Ele que foi feito para o amor,
Hoje não carrega, nem mais dor.
Ele batia, com alegria,
E hoje bate, sem harmonia.
Eu sonhava, ele sorria.
Hoje eu penso em como seria.
Sem dor, sem dança,
As coisas tantas, que a vida canta,
Não escuto mais.
De solidão vive um coração,
Que nem dor carrega mais,
Falo palavras e orações,
Ajudo a todos os corações,
Mas quando vejo, estou aqui,
Com algumas lágrimas a me cobrir.
Sem dor, nem dança,
Nem o vento alcança,
A melodia, tão bela e fina,
Que eu trazia dentro do peito,
Agora nem o som dos tambores,
Eu sinto bater dentro do peito.
Do que valia, tais melodias,
Se nada delas pude fazer?
E agora, o tempo,
Já fez questão de resolver.
Esse impasse, que se rebate,
Pelo meu peito ao amanhecer,
E a falta de amor e de melodia,
Nada mais poderão me fazer.
Anestesia na alma levei,
Para esquecer amores que não tenho
De uma vez.
(Mariana Amaral de Queiroz)
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