terça-feira, 27 de abril de 2010

Segredos de Honra...


Já há muito tempo li este texto e achei legal, embora a principio seja uma história quase romântica, tem um fundo de crítica social, mas não vou falar nada... leiam e tirem suas conclusões...

O dia havia sido perfeito, e a noite estava contagiada pelo amor. Realmente a lua cheia, a brisa suave, o céu coberto de estrelas, tudo estava perfeito e ainda mais para Catarina, que neste momento jantava com seu namorado Marcos por quem era perdidamente apaixonada. Eles comemoravam o seu terceiro ano de namoro e Marcos havia preparado uma surpresa para Cat. Como que surgidos de um livro de romances, três homens tocando violinos e um quarto, com uma garrafa de chapagne e um bouquet de rosas, se aproximaram da mesa. O homem das rosas as entregou a Cat. Ela olhou para Marcos com ar de espanto, que fez um gesto de que não sabia de nada, e apontou para um cartão que estava no meio das rosas. Cat abriu o cartão que dizia: - Você é a pessoa mais importante da minha vida, você é o meu presente, o meu passado e gostaria que fosse também o meu futuro... Marcos então, se ajoelhou no meio do restaurante, com uma caixa de jóias, contendo um para de alianças, e pediu: - Gostaria de ser a minha esposa, quer se casar comigo? Todo o restaurante olhou e como num coro todos falaram – Aceita! Catarina, tão vermelha como um tomate, não conseguia dizer nada além de um quase surdo, sim. A noite realmente era de sonho, mas o destino às vezes transforma sonhos em pesadelos... O nosso casal saiu do restaurante um pouco tarde, e foi para o carro, que havia sido estacionado a uma quadra do restaurante, eles não beberam apenas brindaram com o champagne. Cat e Marcos estavam felizes, se abraçaram e se beijaram encostados no carro, quando uma forte luz ofuscou os seus olhos; era um carro da polícia, de onde dois policiais com as armas em punho saltaram. Com violência e autoridade, ordenaram que eles ficassem em posição de revista, pediam documentos enquanto revistavam suas roupas, Marcos preferiu não reagir, enquanto tentava acalmar Cat, que estava visivelmente assustada. O “guarda” que revistava Marcos, começou a chamá-lo de Rato, Marcos protestou, mostrou a sua identidade, mas de nada adiantou, enquanto isso o outro, aproveitava a desculpa da revista para bolinar a Cat, esta reagiu e levou um tapa no rosto. Marcos indignado partiu em defesa da sua noiva, mas foi violentamente impedido, com um forte soco ele foi jogado ao chão, tentou se levantar, mas sentiu uma forte dor na perna provocada por um golpe do cacetete, Cat agora gritava, e se debatia debaixo do guarda, que deixara de lado a sutileza e agora tentava estupra-la, com total apoio do seu companheiro de farda. Marcos assistia a cena do chão, sem nada poder fazer, o sargento mantinha um dos joelhos em suas costas, o pressionando contra o solo, enquanto dizia tudo o que iria fazer com Cat, assim que o seu amigo acabasse com ela. Cat tentava se livrar do cabo, mas parecia impossível, ele era muito grande e forte e chegou a rasgar o seu vestido, ela no auge do desespero mordeu com toda a sua força o ombro do cabo, que momentaneamente a soltou, mas ela não conseguiu escapar, ele a agarrou pelos longos cabelos e lhe deu um forte soco no rosto. Com a cena, Marcos furioso usou toda a sua força e conseguiu derrubar o sargento, partindo para cima do cabo, com isso Cat conseguiu fugir, enquanto Marcos gritava para ela procurar pelo Pit, ou o Edu. Cat correu como nunca, ela chorava pois não queria deixar Marcos nas mãos dos policiais, mas sabia que não poderia ajuda-lo ficando; ela ainda olhou para trás, e viu os policiais o espancando violentamente e colocando ele no camburão. Catarina corria as cegas, sem rumo em sua mente somente o horror, o desespero daqueles segundos. Uma pergunta girava em sua mente: “Porque?” Mas não tinha tempo para pensar, ela teria que fazer algo pelo Marcos... O que ele havia dito enquanto ela corria? Ela devia falar com alguém! Sim era isso, mas com quem?Subitamente Cat se lembrou! Pit, sim foi isto que o Marcos pediu, ligue para o Pit! Mas porque o Pit? Não tinha tempo de pensar nisso agora tinha que ligar, mas como? Sua bolsa... Não estava com ela na correria deixou a bolsa com os policiais... Sua mente pensava muito rápido que ela nem percebera que havia parado na porta de uma loja, e que o vigia, um senhor de idade avançada vendo o seu estado resolveu ajudar.Uma mão segurou o seu ombro, com o susto Cat gritou e num pulo se livrou da mão que a segurava, foi quando ela conseguiu ver, entre as lágrimas que já brotavam novamente de seus olhos, o vulto do vigia que perguntava se ela estava bem... “Por favor senhor eu...” Eu preciso ligar... Meu noivo vão matá-lo... Me ajude....” Suas palavras foram cortadas pelas lágrimas, o vigia a levou pra dentro da loja e disse que seu nome era Reginaldo, lhe deu um copo com água, mas Cat só conseguia dizer que precisava ligar, que iriam matar o seu noivo, diante disso Reginaldo não teve outra escolha, e lhe entregou o telefone.Foi com muita dificuldade que Cat conseguiu ligar para o Pit, a cada toque do telefone era como um soco em seu coração... “Porque ninguém atendia? O que estariam fazendo com Marcos? Quanto tempo já se passou? Finalmente...” – Alô! Pit? Sra. Marina? Alguém? A secretária...Meu Deus o que eu faço?Edu...! Sim, é isso, vou ligar para ele, ele deve saber do Pit... Discou com muita pressa, errou o numero, mas discou novamente. Em sua mente surgia a imagem de Marcos em uma sala escura cercado de vários homens que batiam nele e se divertiam com isso...Errou novamente, tinha que tirar essas imagens da mente para poder discar ou não conseguiria ajudar... Conseguiu... O telefone toca e ninguém atende, toca uma...duas...nada... – Atenda por favor... Quinto toque...nada...de repente... alguém atende, uma voz de sono... – Edu?!!-Sim, quem é...-Graças a Deus, é a Catarina, Edu aconteceu algo, policiais confundiram Marcos com algum bandido, espancaram ele... não aceitaram a identidade dele...tentaram me estuprar... -O que? Edu que ainda estivera sonolento acordou por completo depois da última frase... – Calma, onde está Marcos agora?-Eu não sei... Eles o levaram, ele reagiu pra me defender e os policiais o colocaram no camburão, levaram-no Edu, não sei pra onde... eu fugi... ele pediu pra ligar para o Pit, mas ninguém atende...- Calma, eu sei onde o Pit está, vou ligar pra ele e vou aí te pegar, onde você está? Tem alguém com você?- Estou em uma loja, não sei o nome, sim...o Vigia está aqui comigo, ele vai dar o endereço...Reginaldo falou com Edu, deu o endereço da loja e prometeu tomar conta de Cat e esperar por ele disse também que provavelmente teriam levado Marcos para a 12º DP, já que era a mais próxima. Passaram-se apenas 10 minutos, mas para a mente de Cat, foram longas horas de tortura, quando finalmente Edu chegou, de um salto Cat foi para o carro, perguntou pelo Pit, ele disse que este já estava a caminho, Edu agradeceu ao vigia e eles partiram para a delegacia em busca de alguma informação.A delegacia estava repleta de gente de todo o tipo, Marcos era arrastado, estava com as mãos algemadas e os policiais que passavam por ele lhe davam socos sem se quer saber quem era ele ou o porque estava ali. Um policial se aproximou do Cabo Teixeira e perguntou do que se tratava: - Pegamos o Rato pelo rabo, mas ele não quer colaborar.Pessoal, vamos ver como se escalpela um rato... Gritou o Sargento conhecido entre seus companheiros como Durão. Marcos foi colocado em uma sala, seus protestos de nada adiantavam, vários policiais entraram no quarto e o cercaram, ele sentiu que poderia ser seu fim, sua única esperança era que Cat tivesse conseguido falar com o Pit.O Sargento Durão se aproximou e disse: Rato, mais uma vez vou lhe perguntar, onde está a mercadoria? Onde vocês escondem a muamba?-Mais uma vez Sargento eu vou lhe dizer que não me chamo Rato, nem sei do que vocês estão falando, meu nome é Marcos, pode verificar a minha identidade e...Marcos foi cortado com um violento soco na boca desferido pelo Cabo Teixeira e como se estivesse combinado, todos os outros policiais passaram a agredi-lo sistematicamente, todos pareciam se divertir enquanto o espancavam; Marcos era segurado por dois policiais enquanto os outros faziam uma fila para poder socá-lo. Quase desfalecido, ele foi solto e caiu no chão, o que foi pior, já que passou a ser chutado violentamente.Marcos não fazia idéia de quando tempo estava apanhando ou quanto havia se passado desde que ele foi colocado naquele camburão, só tinha em mente que não agüentaria mais, nesse instante ele teve a impressão de ter ouvido a voz da Cat, e poderia jurar que sentiu a sua presença, o seu pensamento... Um coturno se chocou com muita força contra suas costas, Marcos quase perdeu a consciência, não conseguia respirar, olhou na direção da porta, com os olhos entreabertos, uma luz veio da porta e uma forma feminina apareceu na luz... Pensou que estava morrendo ou ficando inconsciente, respirar ainda era quase impossível, mas neste instante percebeu que não havia novos golpes e que a figura feminina se parecia com... Não! Era a própria Cat, que agora estava sentada no chão ao seu lado segurando sua cabeça entre as mãos, seus olhos estavam úmidos e Marcos percebeu que estava salvo...Quando Cat chegou com Edu a delegacia, seu instinto logo foi alertado, algo estava acontecendo, tinha que achar Marcos o mais rápido possível ou poderia ser muito tarde. Edu, perguntava ao escrivão onde estava o Delegado ou o responsável pela delegacia, ele parecia relutante em responder, dizia apenas que o Delegado havia saído em patrulha, e que não sabia do Sargento.Edu voltou para Cat, que tinha os olhos fixos em uma porta fechada. – Cat, o que foi? - Eu acho que o Marcos está ali, eu vi um policial saindo daquela sala e tinha sangue em suas botas.Edu perguntou ao escrivão o que era aquela sala, ele se limitou a dizer que era apenas o refeitório, e perguntou quem era o Edu para fazer tantas perguntas. Edu pensou em responder, mas se conteve, porque Cat ultrapassara a cerca que a separava da porta e o escrivão se apressou em segurá-la pelo braço. Ela fazia força para alcançar a porta e o escrivão se esforçava para tentar impedi-la, quando Pit chegou.-O que está havendo aqui Capitão Eduardo?O tom da pergunta e a menção da palavra Capitão fizeram com que o escrivão soltasse a Cat, que correu em direção da porta.- Parece que houve uma confusão com o Tenente Marcos, General, ele foi confundido com um marginal.Agora mais do que confuso o escrivão não sabia o que fazer. Tenente? Seria o homem que o Sargento trouxe algemado? Se for... Não, a garota está abrindo a porta... E se ele for o tal Tenente? Já é tarde demais...Cat abriu a porta e viu o Marcos caído, ensangüentado, ela o abraçou tentando protegê-lo, diante dela os policiais não tiveram reação, ficaram todos imóveis. Cat e Marcos choravam, e os policiais pareciam estátuas diante desta cena, o momento só foi quebrado quando Pit se aproximou, e ao identificar o Sargento entre os policias agressores se identificou. -Sargento, eu sou o General das forças especiais do Exército, Piterson Linhares da Costa, e exijo uma explicação para esta cena, porque o senhor e os seus soldados estão espancando o Tenente Marcos Marins? - O Sargento, pego de surpresa, não soube o que dizer e se limitou a afirmar que não sabia que o acusado em questão era um Tenente do exército, já que ele não se identificou como tal.- O Tenente não se identificou porque tinha ordens para isso, ele só poderia se identificar com a minha permissão ou a do seu superior imediato. Era obrigação sua como Sargento da Polícia investigar a identificação civil, antes de acusá-lo de qualquer coisa. Além disso, que eu me lembre, espancamento não faz parte da investigação. O Sr. Está preso Sargento e todos os que estão nesta sala.Agora quem não entendia nada era a Cat, de quem eles estavam falando? Seria do seu Marcos? Não importava, o importante era a ambulância que não chegava. Ouviu-se um barulho, era a ambulância.Marcos foi levado para o hospital do exército, na sala de espera estavam um angustiado trio, que logo se levantou quando o médico se aproximou dos três.- Como ele está doutor? Perguntou o Pit- Agora ele está bem, ele teve muita sorte General, o Tenente teve algumas costelas fraturadas, mas graças a Deus não houve problemas maiores, ele também está com um braço e uma perna fraturadas e sofreu uma hemorragia interna que já foi controlada, agora esta tudo bem, ele está dormindo e assim que acordar vai poder receber visitas.Diante desta notícia, os três voltaram a se sentar, agora com um certo alivio no coração, foi a hora de se preocupar com todo o ocorrido e com o que haveria de se fazer agora. Pit perguntou a Cat como ela estava, ainda não tinha pensado nisso, afinal pelo que o Edu contou que ela quase havia sido violentada, ele lembrou a ela que isso iria gerar um processo e teria que depor. Cat parecia alheia a tudo, o que importava era ver o seu noivo e ter certeza de que ele estava bem...Tudo o mais poderia ser resolvido mais tarde...Bem mais tarde... Se eles venceram isso, nada mais importava, nem o presente nem o passado, agora teriam toda uma nova vida para começar.
*Valéria R.*


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