Lembro-me
o que fui dantes. Quem me dera
Não
me lembrar! Em tardes dolorosas
Eu
lembro-me que fui a Primavera
Que
em muros velhos fez nascer às rosas!
As
minhas mãos, outrora carinhosas,
Pairavam
como pombas... Quem soubera
Porque
tudo passou e foi quimera,
E
porque os muros velhos não dão rosas!
São
sempre os que eu recordo que me esquecem...
Mas
digo para mim: «Não me merecem...»
E
já não fico tão abandonada!
Sinto
que valho mais, mais pobrezinha:
Que
também é orgulho ser sozinha.
E
também é nobreza não ter nada!
(Florbela
Espanca)
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